5 de março de 2012

A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR:QUEM É O "MARVADÃO"


Celso Ribeiro, mais conhecido como "MARVADÂO" , nasceu em 1947 em Santa Catarina, em uma cidade chamada Rio das Antes. Nunca abandou suas origens, sempre que póde gosta de pegar a estrada de Tapiraí, passear na Cabeça da Anta,tem um jeito simples, sempre disponível, alegre com frases geniais que tiram sorrisos até dos mais sérios.
SEGUNDA2OPINIÂO: - Toda essa caminhada Celso, de Santa Catarina pra cá, você encontrou muitas dificuldades?
MARVADÂO: -Teve os seus percalços, mas sempre fui uma "anta" "antológica" , cheguei a plantar banana, porém chegando a Sorocity resolvi plantar bananeira (risos)
SEGUNDA2OPINIÂO: - De onde vem essa origem tropeira do Marvadão?
MARVADÂO: - Meus pais vieram do Rio Grande Do Sul, Passo Fundo e Carazinho, de onde vinham as tropas para Sorocaba. Eu sou um sapomuar desgarrado, que aqui apiei tardiamente (risos), tomei água do Supiriri fiquei aqui e ainda não morri ( mais risos).
SEGUNDA2OPINIÂO: - E a carreira de jornalista, escritor como isso começou?
MARVADÂO: -Escrevo para jornais em Sorocaba desde 1967 (Folha Popular, Diário de Sorocaba, depois na Folha de Votorantim, Cruzeiro do Sul, fora as passagens por rádios, incluindo a Rádio Jovem Pan, AM, em São Paulo). No começo, escrevia poesias, crônicas, jornalismo romântico. Depois fui pegando a técnica. Fiz curso de Letras e fui aprendendo, na prática, a ser jornalista e publicitário. Atualmente  sou também professor universitário - curso de Comunicação  Social da Fundação Karnig Bazarian( FKB), em Itapetininga.
Comecei escrevendo a coluna Dicas & Transas, no Diário de Sorocaba. Na época, dica era dica mesmo, sugestão, e “transa” ainda não era coisa ligada a sexo, era curtição, qualquer onda legal. Na época assinava como Ribas. Aí uma colega disse que eu era “muito marvadão”. Tive um estalo e de gozação assinei a coluna como “Ribas, o Marvadão”. Pegou e nunca mais abandonei. Aliás, tirei o Ribas. Até minha agência se chama Marvadão Criações. Marvadão acabou sendo uma brincadeira sobre o “r” de nossa região e também uma homenagem à mania que temos de colocar “ão” no nome dos estabelecimentos: Baleião, Feirão, Lagartão (antigo bar), Bentão, Venezenião. É o “ão” que constrasta com o “inho”, de chovendinho, passeandinho, namorandinho.
 SEGUNDA2OPINIÂO:-Mas e essa irreverência esse humor, já existia ou teve uma vertente?
 O humor foi algo acidental. Sempre gostei de leituras profundas, escrever sobre coisas complicadas (coisa de adolescente metido a universitário). Mas sempre gostei de cultivar frases de efeito ou que sintetizassem um assunto. Sobretudo as bem-humoradas.
 Da imitação. parti para criar as minhas sacadas próprias, filosofando sobre a vida e sobre os fatos do cotidiano. Acho que o humor foi legal também para a minha vida pessoal. Fez bem pra cuca. Descompliquei o estilo. Serviu como terapia, pois era muito introvertido. Aos poucos fui descobrindo que o humor é uma excelente ferramenta para se repensar as coisas, sem dramaticidade, com agudeza e irreverência. Virou um processo, um método de ver as coisas. Tenho,assim, um lado de poeta, um lado de humorista e um olho vesgo que enxerga as coisas de uma forma diferente.
Quando comecei a escrever humor (junto com outras atividades de professor, ator e diretor de teatro) vivíamos o clima do regime militar, da censura, e, sobretudo, da autocensura. Aquele medo de dizer algo que pudesse ser confundido com “subversão”. O humor então era uma forma indireta de se dizer verdades,  por meio de figuras, metáforas, verdades contidas no subtexto das brincadeiras. Tive umas ameaças de ser enquadrado pelo regime, mas por não ter militância em nenhum partido, passei meio batido. Por sorte ou azar. Quem sabe, se tivesse sido preso, hoje estaria ganhando uma bolada do “bolsa ditadura”. Eheh. Cheguei a escrever para o jornal de humor “O Pasquim” (São Paulo) a página “Virado Paulista
Escrevo todo dia, há décadas, para  o Sapo N’água  também para a página  Segundão do Marvadão, do Cruzeiro do Sul. Acho que quanto mais se escreve, mais aumenta o campo da inspiração. Com a prática, de repente, tudo pode ser transformado em humor, é só uma questão de linguagem. As coisas não são engraçadas em si mesmas. Humor pronto existe, mas é mais para humorista preguiçoso. Sou o preguiçoso que mais trabalha na cidade. Gosto de tirar leite de pedra, buscar humor onde aparentemente ele não existe. Humor conceitual, usos e costumes, novas forma de ver e de fazer cócegas no raciocínio do leitor. Humor é descobrir onde está o sovaco do leitor. Tem dias, claro, que a coisa não engrena muito, mas sempre se tem macetes, coisas guardadas, formas de requentar um assunto. E depois, cada manchete é meia  piada. Basta descobrir a outra metade.
SEGUNDA2OPiNIÂO:- O MARVADÂO pelo Celso Ribeiro, ou vice e versa ou versa e vice.
.MARVADÂO:- Não sou alegre, nem sou triste, sou humorista. Tudo que dá pra rir, dá pra chorar, vice-versa ou versa-vice. Particularmente sou pacato, simples, gosto de ler, pensar, ruminar meus assuntos, sou quase um ermitão urbano. Só me solto quando encontro ambiente legal, turma boa. Não sou humorista de desempenho, nem engraçado pessoalmente, ainda que solte uns repentes. Sou mais humorista-escritor, isto é, aquele que bola o texto, que cria. Mas de repente, rio de coisas muito simples e ingênuas e fico sério diante de coisas aparentemente muito gozadas. É a tragicomédia da vida.
 Não sou um cara muito organizado, embora tenha organização mental. Não tenho, portanto, tudo o que já escrevi guardadinho. O material anda bem espalhado. Em vários arquivos, alguns já perdi, não fiz beckup. Mas, por sorte, tudo o que escrevi nos últimos anos está bem guardado nos arquivos do jornal Cruzeiro do Sul
SEGUNDA2OPINIÃO:- E o seu antigo Projeto, o Livro?

MARVADÃO:- – O livro “Sorocaba, Bem Te Vi” nasceu do caso de humor e amor que tenho com Sorocaba.  Já tinhas várias crônicas sobre a cidade, sobre as minhas impressões poéticas e humorísticas sobre Sorocaba. Aí escrevi mais algumas e formei o livro. Apresentei na LINC e foi aprovado. As crônicas revelam um pouco de Sorocaba, seu jeito de ser. Mas tenho material para outros livros. Se fizer uma seleção de tudo o que já escrevi, as sacadas mais duradouras, é provável que dê alguma coisa aproveitável. Tenho muitas crônicas que poderiam ser reunidas num novo livro. Mas atualmente estou escrevendo “Sorocoisas, Manual de Sorocaba para Principiantes”, obra meio folclórico, meio humorística, em que registro coisas típicas daqui – jeito de falar, vocabulário, expressões, usos e costumes, material que venho coletando há muitos anos.. Ou seja, estou traduzindo a cidade para quem chega.
NOTA; Foi gratificante esse contato com esse monstro da imprensa e da literatura Sorocabana, como ele mesmo diz ele já é uma Sorocoisa!
O Livro Sorocaba Bem te vi, que diga-se de passagem é imperdível, pode ser comprado a R$10,00 pelo E-Mail celso@marvadao.com.br, página do marvadão no Facebook http://www.facebook.com/marvadao e a sua coluna Sapo n'água todos os dias no jornal Cruzeiro do Sul.
mais informações:- segunda2opiniao@hotmail.com
* É realmente uma pena o espaço ser tão curto para homenagear alguém como Celso "MARVADÃO" Ribeiro.
muito obrigado marvadâo por essa oportunidade!
segunda2opiniâo

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